Entrevista com está magnífico horda Le Marchand
1- Primeiramente muito obrigado por aceita convite do "Metal Negro América do Sul", pra nois da M.N.A.S e um honra.
Falei como surgiu a horda Le Marchand e, seus principal influenciar?
1- A horda Le Marchand surgiu entre 2005 e 2008 quando um tio meu, policial militar paulista, me falou a respeito do movimento Constitucionalista de 1932, então fiquei fascinado e comecei a tocar violão clássico em cima desta temática. Era one man band, depois de 2008 que comecei a tocar com uma guitarra distorcida, emprestada, e em 2011 que comecei a gravar demos com integrantes na horda de forma Raw Black Metal. As influências são bandas com puro som da metranca, como Sarcófago, Mayhem antigo, outras mais raw como Beherit, Blasphemy e outras com o som mais trabalhado como Rotting Christ, Limbonic Art, King Diamond e etc. Também forte influência, diria que são a maior influência da minha formação musical, por hordas paulistas como Dethroned Christ, Morte Negra, Iron Woods, Mausoléum com o Black Spade e etc
2- Quando se ouve as composições do Le Marchand, pode-se perceber claramente as influências das velhas escolas Metal Negro, como seria o processo de criação?
2- Vivi fortemente o movimento dos anos 90, então tento manter essa raiz noventista nos hinos, fugindo do som limpo e bonito, todo estruturado que os milenares vem fazendo atualmente, mas não quer dizer que eu vá fugir da qualidade, pois isso eu sempre tento melhorar, porém mantendo a sujeira que enaltece a chama negra. O processo de composição começa comigo tocado várias bases, criei mais de 400 bases até achar os hinos do último play Kari Marã e após eu testar muitos riffs, evitando o virtuosismo e enaltecendo o ódio absoluto, eu começo a aprimorar estes riffs. Tentativa e erro, vou enviando para os membros da horda e de seleto irmãos blackmetallers e vou aprimorando ou deixando de lado os riffs de acordo com a opinião deles, porém se tem um riff que eu gostei muito eu o mantenho mesmo assim e foda-se o que vão achar. Após os riffs criados, faço as letras e para isso eu faço realmente um estudo aprofundado sobre o tema abordado no play e tento contar a história de forma coerente, cheia de informações possíveis e com vocais que expressem o sentimento de forma mais obscura possível dentro das minhas limitações, porém sempre tentando melhorar na podreira que eu produzo, sendo mais podre ainda.
3- Qual é opinião do Le Marchand que o Metal Negro deve se manter sempre no Underground?
3- Le Marchand acredita que o coletivismo é uma merda! O Metal Negro é o individualismo, a misantropia, o ódio profundo e profano contra todos e tudo. Elitismo total! Fodam-se os outros, só importa nós e o nosso reino sobre os fracos! Metal Negro é a opressão total e não a salvação para aqueles que não são nossos irmãos e irmãs! Somos os algozes, a punição da carne, sangue e ossos dos incrédulos! Metal Negro é uma arma, use-a se vive esta chama Negra, sem piedade e misericórdia!
4- Qual sua opinião sobre várias plataformas e redes sociais, você concordar que isso ajuda?
4- Sou totalmente a favor de zines impressos! Plataformas digitais ajudam sim, desde que estes meios tragam os pedidos para dentro da verdadeira atitude dentro da cena underground. São ferramentas que podem mostrar para os desavisados, que o underground tem muito mais coisas do que apenas há no digital. Este mundo virtual irá despertar, em raros guerreiros, o verdadeiro espírito underground e eles um dia irão conhecer um zine ou uma distro e a comprar material físico, material real e ter sua própria coleção pessoal em sua residência. Foda-se esse negócio de apoiar as bandas, hoje lançar cd e cassete você nunca tem lucro com essa porra, sempre vai perder dinheiro e jamais forje uma horda, faça cd e cassete pensando em retorno, pois nunca vai dar retorno essa porra. Só faça isso porque você ama fazer isso e é por isso que eu não ligo de divulgar a minha horda em vários meios possíveis, até os digitais, o que importa é a mensagem do play ser passada. Se aparecer alguém interessado em comprar algo real da minha horda, este terá acesso a coisas que outros jamais terão, pois está fora do digital e se ingressando no verdadeiro underground!
5- Qual é a formação atual do Le Marchand?
5- Le Marchand atualmente é composta por 2 membros: eu Diukrone Sabbat na guitarra/vocais e Holokhaosto na bateria. A cada play que lançamos, convidamos amigos para preencher as vagas neste campo de batalha, como convidados especiais!
6 - Diga um título ou frase de uma música da horda que feche um pouco com os idéias de vocês?
6- Paulistânia É O Meu País! Somos separatistas paulistas e a favor do extermínio em massa de tudo e todos! Misantropia total!
7 - Falei sobre esta magnífica Demo "Kari Marå"?
7- Kari Marã é o primeiro debut album da Le Marchand! Não é uma demo! É o sexto artefato lançado pela horda. Quando gravamos Paulistânia em 2015, tive essa idéia de abordar sobre o folclore nacional, porém eu perdi tudo na vida e vivi na miséria, catando lixo da rua e tentando sobreviver, além de estar cumprindo minha pena prisional no semi aberto. Então passaram-se 5 anos e consegui voltar a ter uma vida normal, a horda estava em hiato total e encontrei Holokhaosto em um show do R.M.C. e disse que estava pronto para voltar a ensaiar e a gravar, que tudo estava certo para voltarmos a ativa. Neste tempo em hiato, fiquei muito tempo pesquisando, estudando, sobre o folclore nacional e procurando pelos monstros que se originaram em São Paulo, lendo vários registros históricos entre 1500 e 1550, as cartas dos bandeirantes e tudo mais. Eu não desisti da idéia, mesmo na miséria total, sempre acreditei em poder lançar este material, então os deuses da Mata Atlântica realmente sabem o que fazem em minha vida, são provações e testes. Holokhaosto deve ter me testado, depois de tê-lo encontrado, fiquei esperando contato dele ansiosamente para poder voltar a ativa, não sabia realmente se ele queria continuar a tocar Le Marchand pra frente, então do nada ele entra em contato comigo e diz que eu tinha X dias para gravar as bases, fazer as letras e ir gravar em estúdio. Este play é o mais profissional já produzido pela Le Marchand. Criei cerca de 20 - 30 riffs por dia e aquele caos enviando faixa atrás de faixa para quem eu queria uma opinião e trabalhando arduamente nestes hinos, tocando 16 horas por dia, buscando um não se parecer com o outro, cada um sendo único, real e extremo na mais profunda obscuridade possível dentro das minhas capacidades. Além de fazer os riffs, tinha de fazer as letras, porém o tempo de hiato já tinha me ajudado na direção que tinha de seguir, pois foi um processo de mentalização de 5 anos, além de cumprir minha pena do semi aberto por quase 3 anos no Parque Estadual da Serra do Mar, em uma região da Mata Atlântica, ao qual convivi todos estes anos com índios tupy-guarani e aprendi parte de sua língua e histórias. Isso me ajudou imensamente a produzir Kari Marã, pois algumas partes canto em tupy-guarani, aliás o título também é tupy, porém deixo aos leitores descobrir o significado deste título. Depois de 2 ou 3 semanas, gravamos em estúdio, 50% do disco e depois de mais 1 ou 2 semanas gravamos os outros 50%. Foi bem caótico para mim, pois eu tive de gravar e regravar as outras faixas em casa, como guitarras extras, violão acústico e vocais. Os outros membros enviarem suas faixas gravadas, em alta qualidade de estúdio, para eu mixar. Com a minha parte pronta, tive de esperar pelos outros membros, eu trabalhei bastante pois tive de consertar muita coisa, além de fazer a arte do cd, que foi desenhado a mão, então tive de colorir pelo computador, ao qual me levou alguns dias. A última coisa a ser gravada foi o baixo e depois tinha a masterização após a mixagem. Todo o processo levou perto de 1 ano até o álbum estar finalizado, porém se eu pudesse teria mexido em mais coisas, melhorado mais, mas uma hora temos de tomar uma decisão ou o álbum nunca será lançado. Kari Marã é o primeiro álbum de metal extremo que aborda sobre o folclore nacional de forma totalmente sombria! Nada de Saci gente boa, moleque bonitinho e nem Cuca vilã que sempre se dá mal, essas coisas infantis! Kari Marã aborda de forma realista, como eram vistos estes monstros deuses da Mata Atlântica, entre 1500 e 1550 e é neste período que a história é contada. As faixas estão na forma hierárquica também, desde o soldado mais baixo como Saci até o mais supremo de todos os deuses da Mata Atlântica o legislador Jurupari. Cada hino é um degrau de evolução até chegar o ápice, que é triste e bélico, a Mata Atlântica, mas cheio de sangue e honra.
8- Como você define o estilo de sua horda?
8- Le Marchand eu considero como Folk Raw War Black Metal. Tem a parte metafísica, folclórica, abordada pela Mata Atlântica, a parte histórica nessa terra, principalmente na região paulista antiga no tempo da Paulistânia e até a história mais recente e a parte obscura de tudo isso sendo explorada em forma de Raw Black Metal! João Ramalho e Bartira é a primeira família real entre ibéricos e tupy-guarani e Le Marchand aprecia e respeita a cultura ibero-tupy-guarani em seus hinos!
9- Quais planos da Le Marchand para futuro próximo?
9- Os próximos álbums já tenho algo definido! Devemos lançar em breve um EP álbum R.A.C. e depois deste, mais 2 splits. Após isso tudo, vamos lançar outro debut com temática totalmente voltada ao mundo de Hellraiser, em torno de 2023 e em cada album posterior ao Kari Marã quero que a qualidade seja cada vez melhor, mas sem perder a essencia dos anos 90. Com riffs mais extremos, a bateria mais rapida ainda e o vocal mais deprimente possível, embora no álbum R.A.C. será bem raiz e com vocais limpos! O álbum cenobítico de 2023 se chamará O Engenheiro e esperem pelo mais estranhamente tocado, sujo, rápido, agressivo e gravado álbum de black metal do Brasil! Meta pessoal em alcançar um patamar totalmente superior e único! Quem acompanha a história da Le Marchand, sabe que isso é possível!
10- Para finalizar, deixe tuas palavras aos guerreiros (as), da nossa cena
Underground e, muito obrigado pela entrevista, vida longa Le Marchand.
10- Você! Que está lendo! Pegue o violão agora, foda-se se não tem guitarra, comece a compor imediatamente! Faça um som para o seu pai e para sua mãe, mesmo que tenham sido péssimos para você! Estude a sua história de vida, teu sangue, da tua terra, os nossos mitos e lendas, comece a produzir sons a partir disto! Há muita coisa dentro de nossa nação que pode ser explorada e aproveitada! Que Le Marchand lhe inspire a tocar e criar hinos de nossa terra, de nossa história e vidas! Mantenham a chama acesa, compre de distros os seus plays, comprem zines para se informarem e entenderem como o underground pensa, sobre o que descartar e agregar! Comprem cds, cassetes e vinis, tenha uma coleção imensa e nunca, jamais, pare de escutar Metal! Não seja como os fracos que desistiram! Seja parte do 1%, seja elite, seja superior, pois 99% são a desgraça da cena ou que pensaram um dia ser parte de alguma coisa! Obrigado Metal Negro América do Sul pela oportunidade! Sangue & Honra Blackmetaller! Para Sempre! HailSa! Anauê Jurupari Çaberon Koera Anahandinhara! Çun Uaraçu!
Kari Marã (2021)
Le Marchand (São Paulo/SP, Brasil)
Line Up:
Diukrone Sabbat - Guitar, Vocals
Holokhaosto - Drums
Herr Akvan - Bass
Lord Kronos - Guitar
Lord Bona - Keyboards
Label: Acta Non Verba Rex
Contato para compra: diukronebfb@hotmail.com