Azul Turquesa é uma mistura do Doom e Black Metal
1 - Primeiramente muito obrigado por aceita convite do 'Metal Negro América do Sul".
Conte em suas palavras como foi formado a horda Azul Turquesa e, quais são as influências músicas da horda?
A honra é toda nossa. A Azul Turquesa foi sendo idealizada desde os fins de 2020, onde eu (Soturna Cröstä) comecei a me aprofundar no Doom Metal e me identificar cada vez mais no som e ambiência do subgênero. No começo, todo o alvoroço e inconsequência de um jovem apaixonado proveu muitas composições e despertou o que viria a ser a base identitária Azul Turquesa. A banda foi amadurecendo e abrindo as portas para novos integrantes, pois num primeiro momento, a ideia era que a Azul Turquesa fosse uma banda de um homem só. Hoje é um duo com a baterista Efêmera depois de ter sido uma banda de cinco membros. Nossas influências são bem abrangentes: vão do Punk cru, Dbeat, Crust, ao Black e Doom metal. Posso citar bandas como os finlandeses do Swallow the Sun, os brasileiros do Cólera e os argentinos do Profecium.
2- Azul Turquesa possuí 5 demos, Falei um pouco sobre elas?
As nossas demos são as manifestações sonoras de nossos erros e acertos tentando produzir um som sem saber o que estávamos fazendo. Tanto é que eu não sabia o básico da mixagem. Todavia, a vontade de fazer som era tão grande que não podíamos ficar parados. Então, assim foram lançadas as primeiras demos da Azul Turquesa, que também transparecem meus sintomas de ansiedade na hora de gravar e produzir as músicas, na época. A proposta era ser demos e nada mais, assim foram feitas. Essas demos na verdade são primeiras versões de músicas que serão lançadas posteriormente em álbuns ou EPs.
3- Qual é a sua visão ideológica da horda, e o que pensa respeito do Satanismo?
A Azul Turquesa tem um viés anarquista antes mesmo de sua nascença. Nós prezamos por alguns princípios no que é ser banda, ainda mais no que é ser underground. Ser anarquista por si só, é ser antifascista. Ser anarquista por si só, é atuar por ação direta. Nós estamos no underground e é no underground onde podemos fazer a diferença, é nele que podemos ter alguma voz e reclamar nosso lugar, denunciar injustiças, conscientizar pessoas despercebidas... Não é uma tarefa simples e muitos podem cobrar coisas que vão contra nossos ideais, porém, insisto em continuar firme em minha postura.
Sobre o satanismo, eu sou ateu e Efêmera é da umbanda eu acredito, então não acreditamos nisso. Eu sinceramente não tenho nenhuma vontade de me prender a uma divindade ou me curvar diante deles. Eu sinto que pode haver alguma coisa no além, mas sinto mais ainda vontade de meter um pé na bunda deles. Sobre satanismos filosóficos, por ser anarquista eu não curto filosofia ou ideologia individualista (mesmo anarquia individualista).
4- Qual sua opinião sobre plataformas e redes sociais, você concordar que isso ajuda ou você acha que a internet trouxe mais benefício, ou prejuízos ao underground?
É uma lâmina de dois gumes: as redes sociais abrem portas para muita gente divulgar seu material e muita gente conhecer bandas escondidas nos quatro cantos do mundo; ao mesmo tempo que dá palco para bandas que não se levam o mínimo a sério. Já as plataformas, infelizmente pagam muito mal aos artistas ao mesmo tempo que lucram bastante, evidenciando ainda mais a exploração capitalista. O que podemos fazer é nos concentrar no próprio underground, construir nossa rede de contatos, amizades, montar nosso merchandising, vender online e pessoalmente e depender cada vez menos das redes no que se refere ao seu algoritmo.
5- Oque banda acha da atual cena?
A cena atual está recheada de bandas maravilhosas: muitos com bom som, qualidade técnica, postura no palco e coerência nas falas e atitudes. O cenário brasileiro cresce devido a união dos próprios participantes do underground e quando eu falo deles, não são apenas bandas, mas zines, blogs, canais... O underground é um ecossistema que precisa de mutualismo para poder funcionar a pleno vapor. A gente observa isso em muitos e muitos casos, todavia, não é a regra definitiva.
Na cena nacional, há incoerências também no que se refere nas atitudes. É até comum se ter notícia de banda tal ou produtor tal praticar alguma discriminação ou violência, infelizmente. Isso não é maioria, mas não podemos ignorar a existência do problema.
Uma cena coerente precisa abraçar todos os excluídos, minorias, mulheres, gays, lésbicas, pretos, pretas, indígenas, não-bináries e seja lá quem for mais violado pelo sistema patriarcal e branco e que precise de um canto para expiar suas dores.
6- Como você define o som da horda Azul Turquesa e, que o inspirou a batizar a horda com este nome?
A Azul Turquesa na verdade tem muitas músicas já compostas e o que foi mostrado é apenas uma parte delas. Não posso falar muito sobre o que está por vir, infelizmente, mas me sinto ansioso para poder falar sobre nosso futuro mesmo assim. Mas me contenho.
A Azul Turquesa é uma mistura do Doom e Black Metal que foi inspirado primeiramente pela banda finlandesa de Doom e Death Metal Swallow the Sun. Os primeiros sons da banda foram inspirados no álbum New Moon de 2009.
Mas com o passar dos dois anos seguintes, a banda foi desenvolvendo melhor sua própria identidade visual e sonora. Uma coisa que presamos sempre é tanto a originalidade e a diversidade de nossas músicas. Não queremos nos prender numa fórmula de fazer som e assim viver dela.
O nome Azul Turquesa surgiu de uma de nossas letras, num verso da música Noiva de Preto que ainda não foi lançada. Escolhi esse nome pelo tom sereno, soturno e espiritual que esse nome passa, além claro, do contexto da música.
O futuro é promissor! Nesse dia 22 de junho (2023) iremos lançar nosso mais novo single Anacoreta. Agora bem cru e visceral a lá Mal Encorpado e Vazio. Para esse segundo semestre além desse single, pretendemos lançar um EP que queremos fazer um lançamento bem ganancioso. Cada coisa na sua hora.
Os lançamentos da Azul Turquesa demandam muito tempo, dinheiro, energia e sua hora certa. Como somos apenas dois na banda, escolhemos lançar cada qual em seu momento mais oportuno e também, quando podemos (risos).
8- Qual seria postura da horda perante preconceito de raças?
Nós repudiamos quaisquer discriminação seja por cor, sexualidade, gênero, nacionalidade e afins.
Entendo que a problemática das raças é o primeiro problema a ser abordado em qualquer lugar e em qualquer momento da história: é ela o começo de tudo e é ela que pode mudar tudo.
Como brancos, a Azul Turquesa pode apenas se conter em dar palco aos que podem e devem deter o protagonismo das lutas contra os preconceitos de raça. Eu acredito que a política é feita nas ruas e pelo povo. Não adianta querer mudar as leis da qual são os decima que jogam o xadrez do poder, são os debaixo que devem fazer o jogo do sistema.
9- Para finalizar, deixe tuas palavras aos guerreiros (as), da nossa cena underground e, muito obrigado pela entrevista, vida longa Horda Azul Turquesa.
Agradecemos o convite e a oportunidade dado a nós. A roda do underground não pode parar e somos todos nós que fazemos a coisa girar!
Pessoal, o que mais tem na cena brasileira é banda maravilhosa! Fico imensamente feliz as ouvindo e serei mais feliz vendo o sucesso de cada um. Mesmo que as coisas sejam difíceis para nós artistas independentes, sigam firmes, o underground antifascista, preto e vermelho deve continuar!